Entrevista com proprietários da BYD

Bem, se é sobre opção de compra de um BYD em relação a outras marcas, creio que a BYD está errando na “precificação” dos carros.
Os descontos acentuados são, em primeiro momento, muito atraentes. Porém,
Ela vai ter que analisar que o brasileiro, em geral, compra o carro zero pensando na revenda. Com esses descontos, a BYD está desvalorizando o seus carros já vendidos. Com isso, não vai conseguir ganhar muito mercado. Se ela tem cacife para dar descontos altos, já deveria ter iniciado com esses preços. Veja o DOLPHIN GS, sendo vendido agora a 139.000. Quem comprou a um ano atrás a 149.800. Vai ter muito comprador novo aguardando o preço baixar ou não vai comprar com medo da desvalorização acentuada do usado.

Não tem como fugir da desvalorização… a tecnologia ta avançando muito rápido, os modelos “desatualizados” não podem custar a mesma coisa que os mais atuais. Alem do que, a principal função do carro é levar do ponto A ao ponto B. O carro pode ser muitas outras coisas? Sim, mas o carro com certeza não é um investimento financeiro… A não ser que consiga deixar muito bem conservado e daqui muitos anos o carro acabe tendo valor de colecionador, o que acho difícil. Então melhor aceitar que vai “perder” dinheiro no carro, que dói menos.

Tem outro jeito de pensar também… é melhor que eles desvalorizem a versão antiga do que valorizar muito o com tecnologia mais recente…

Sei que todo carro desvaloriza, mas no mercado de eletrificado ainda há algumas incertezas. Essa agressividadade nos descontos, a meu ver, vai ser prejudicial para a BYD aqui no Brasil, principalmente para desovar estoques de versões mais antigas para entrada das novas. Aqui no Brasil, trocar um carro eletrificado nunca vai se como trocar um celular velho por um celular novo e com nova tecnologia. Você simplesmente descarta o celular velho e compra um novo. Acho que a BYD está trabalhando o mercado dos seus carros como se fosse mercado de celular. Pensando assim, eles vão atingir um patamar de clientes e vão manter. Mas, a longo prazo, talvez até diminuir esse patamar.
Eu tenho um DOLPHIN GS (14 meses) e um SONG PLUS (9 meses). Nunca me preocupei com a desvalorização acentuada.
Sei que se rodar uns 200 mil Km com o DOLPHIN GS ele se paga só com a economia de combustível, pois tenho energia fotovoltaica em casa.
Em média, troco o carro (e de celular) a cada 4 anos e não gostaria de ter que descartar meu carro velho para compra um novo, como faço na troca do meu celular.

O único celular velho que eu descartei foi porque ficou destruído depois de cair de um andaime de 8 metros de altura. Todos os outros eu revendi após comprar um novo.

Esses descontos pontuais não devem ter tanta influência assim no mercado de semi novos. O que fizeram com Yuan Plus, por exemplo, foi muito pior porque eles realmente baixaram o preço. Quem comprou a 279 sofreu uma desvalorização forcada pela BYD quando baixou pra 229.

Sim, carro desvaloriza e temos que aceitar isso. Mas o que precisa ser revisto é essa precificação inicial. Pra evitar criar uns Megane E-tech por aí.

Sobre a entrevista. A conversa foi mais sobre comportamento como consumidor. Coisas que me fazem decidir por comprar um determinado modelo/produto. Também foi falado sobre pontos de atenção do carro, problemas de software, atualizações, CarPlay desconectando e afins.