Ato I: o grande Boris Feldman publica a coluna abaixo:
Ato II: dou uma raspada na roda do Plus, e resolvo comprar uma nova e deixar essa riscada de estepe. Ligo para minha CSS, mas não têm nem a roda em o pneu. Aí comecei a pesquisar e descobri que, na cidade de SP, somente Dahruj e Original têm área de peças, esta última só na loja de Guarulhos. Osten, Dealer e McLarty Maia não tem nem setor de peças, uma dessas me disse que estava montando o setor e em 30 dias estaria funcionando. Isso em São Paulo, principal mercado da America Latina e do Hemisfério Sul.
Então ficou claro: BYD botou toda a pressão e foco nas vendas, e deixou a retaguarda totalmente de lado. Para as CSS é ótimo: para vender, basta um salão com espaço para mostrar alguns carros, alguns vendedores com salário fixo ridiculamente baixo, duas salinhas para fazer a negociação e a única máquina que precisa é a de café expresso. Já para o pós-vendas, o investimento é muito mais alto: funcionários com fixo alto, treinamento, maquinário, espaço, muito espaço. Algumas CSS devem ter pensado: “vou embarcar nessa com pouco dinheiro, se der certo e vender muito, aí monto a oficina”. Neste pensamento, parabéns para a Dahruj e a Original que investiram em peças e oficina. E para ofertar carros com esses preços baixos, a BYD deve ter resolvido trazer o mínimo de estoque de peças para minimizar o custo financeiro. Bem, tudo tem um custo.
No início, todos éramos embaixadores do Dolphin, ficamos maravilhados com o carro, e a nossa animação contagiava nossos próximos. Agora entramos na era do “mas”, se alguém pergunta sobre o seu Dolphin, todas as respostas começam a ter “mas”:
- O Dolphin é maravilhoso, mas se eu quebrar a roda, o carro vai ficar parado;
- O meu carro é muito macio e silencioso, mas quando eu tento falar com o SAC não consigo nunca;
- O meu Plus tem um super Adas, mas precisei fazer um reparo na oficina e só consegui agendar para daqui a 2 semanas;
- O meu Seal tem uma super performance, mas se uma moto bater em mim, são 2 semanas só para as peças chegarem de fora (situação real de um Seal batido na CSS).
Um amigo meu, que acompanhou minha animação com o Dolphin e estava convencido a comprar um, já colocou o pé atrás e começou a falar do novo Yaris, após ouvir esse monte de “mas”.
Assim, o belo trabalho feito pela BYD para conquistar mercado pode ser comprometido pelo seu descaso com o pós-venda, o que arrisca tirar o brilho de uma marca e transformá-la em mais uma marca chinesa pouco confiável, como aquelas da época do Faustão.
Está muito difícil falar do Dolphin sem a conjunção “mas” estar associada.
BYD, boa hora para vir publicamente ao mercado e mostrar que vocês são bem mais que uma mera marca aventureira e oportunista.